quinta-feira, 17 de setembro de 2009

RECORDANDO OS SETE PECADOS DO GOVERNO

Tendo em considerção que os sete pecados entraram na moda, passo a recordar os sete pecados do governo, publicados semanalmente no jornal expresso das ilhas.

Eis os sete pecados: i) traição à juventude; (ii) estrangulamento da economia; (iii) má saúde; (iv) educação em risco; (v) afogamento da nossa cultura; (vi) diáspora esquecida; e (vii) verdadeira (má) governação

Eis o primeiro: TRAIÇÃO À JUVENTUDE

Cabo Verde vive hoje momentos decisivos, navega em novos mares, enfrentando novos desafios. Hoje falamos, com orgulho, de parceria especial com a UE e da adesão à OMC. Cabo Verde é, hoje, um país de rendimento médio, um Estado de Direito Democrático onde o primado da lei e o principio da legalidade e constitucionalidade imperam (artigo 3.º da Constituição da República de Cabo Verde).

Somos elogiados pelo mundo como um exemplo em África, como um exemplo de boa governação e de transparência. Com efeito, a partir de 1990, quando se alterou o famoso artigo 4.º da Constituição de 1980, abriu-se as portas para um novo Cabo Verde, para um Estado de Direito Democrático, condição para o desenvolvimento e para a entrada no mundo global, mormente, para a credibilidade externa. Hoje temos esta credibilidade graças à nossa democracia, graças às arvóres que foram plantadas nos anos 90. É altura de colher os frutos. O Governo do PAICV entrou na epóca da colheita, na epóca da bonança, e mesmo assim tem sido um fracasso.

Não se pode dormir à sombra da bananeira e acreditar que a nossa credibilidade externa (fruto da nossa história) resolve todos os problemas. Em tempos de crise, é altura de olhar para os cabo-verdianos, é altura de resolver os problemas dos jovens, é altura de salvar a nossa economia, é tempo de pensar na nossa saúde e na nossa educação. É altura de deixarmos de dormir à sombra da bananeira. A nossa fama internacional deixa-nos, a todos, profundamente orgulhosos, mas não podemos passar o tempo a “basofear”, a tirar proveitos partidários, a fazer propaganda e a esquecer dos cabo-verdianos. Não podemos continuar a atirar o lixo para debaixo do tapete e mostrar ao mundo que está tudo perfeito por estas ilhas.

Este Governo, o mais vaidoso de todos os tempos, vive de aparências, de elogios, versos e poesia, vive à sombra da bananeira. Este Governo entrou numa fase de agonia em que, os erros se sucedem uns aos outros e os pecados aumentam a cada dia. Por isso, em sete artigos, consecutivos, neste semanário, vou abordar a outra face da moeda e escrever sobre os sete pecados deste Governo, a saber: (i) traição à juventude; (ii) estrangulamento da economia; (iii) má saúde; (iv) educação em risco; (v) afogamento da nossa cultura; (vi) diáspora esquecida; e (vii) verdadeira (má) governação. Comecemos, neste artigo, com o primeiro pecado: traição à juventude.

É sabido que os jovens, em todo o mundo, têm assumido um papel determinante no progresso e desenvolvimento deste mundo, cada vez mais global, onde também nos incluímos. Os países modernos e competitivos assumem a participação dos jovens na política e em todos os sectores da sociedade como condição sine qua non do desenvolvimento. Não posso dizer que estamos a fazer o mesmo, mas para lá caminhamos.

Cabo Verde é um país jovem, onde a juventude tem uma percentagem significativa da população, o que vale dizer que a juventude pode ditar o rumo e o futuro do país.

É imperioso que os nossos governantes acreditem na juventude. Pois, acreditar na juventude é sinal de segurança, de esperança, de desenvolvimento, é sinal de um Cabo Verde cada vez melhor, é sinal do futuro. Só assim o futuro pode acontecer hoje.

Igualmente, é necessário que os jovens revelem os seus valores e qualidades. Os jovens devem procurar excelência em todos os momentos e em todas as situações. A procura de rigor e execelência não é, nem vaidade, nem arrogância. Temos de ter a capacidade de nos surpreender e surpreender os outros. Só com excelência faremos diferença e seremos mais competitivos.

Primar pela excelência é também primar pelo bem-estar dos cabo-verdianos, é tomar medidas que elevem o nosso país à um novo patamar. Quem é excelente não atira ao país um novo, pesado, imposto de selo em tempos de crise, não engorda o Estado em vez de promover o investimento privado, nacional e estrangeiro.

O nosso Governo, neste segundo mandato, tem sido tudo menos excelente, não se primou pela excelência na remodelação do Governo e as medidas implementadas foram um fracasso.

No que diz respeito à juventude, não podemos esquecer que este Governo nunca teve uma política para este sector. Nos discursos politicos, poéticos, de José Maria Neves a juventude sempre teve um verso, contudo, nas suas acções a juventude foi sempre esquecida.

Neves teve sempre uma postura jovem e um discurso virado para a modernidade e para a juventude, o que lhe ajudou muito nas últimas eleições legislativas. Com efeito, o discurso de Neves conquistou, de facto, a juventude e deu-nos alguma esperança. Durante muito tempo, foi evidente a admiração dos jovens pelo nosso Primeiro-ministro. Contudo, como é óbvio, não podemos iludir, sempre, as pessoas com discursos e versos, não é esta a função de um Primeiro-ministro.

Passado a fase do deslumbramento, veio a desilusão. Os problemas são cada vez mais notórios e o desemprego aumenta a cada dia. Neves, acabou por falar, falar e não fez nada para a nossa juventude. A juventude sente-se hoje traída por Neves e pelo seu Governo. Assim sendo, acredito que o próprio Neves esteja desiludido consigo mesmo, pois esta foi, provavelmente, a área onde o Governo teve mais insucesso.

Neves sabe que já não conta com a juventude para um terceiro mandato, por isso, já decidiu tentar ser Presidente da República. Para trás ficam os versos e os discursos, a juventude perdida e desempregada. Afinal o futuro não acontece e nem aconteceu com o Governo de José Maria Neves, afinal os jovens estão cada vez mais desempregados e não lhes foi dada a devida atenção e o devido valor.

Os jovens aguardam por novos tempos, por um novo Governo e por uma oportunidade. A esperança é sempre a última a morrer. Todavia, este Governo tentou matar a nossa esperança e traiu-nos, porém estamos confiantes no futuro, confiantes em 2011. A juventude tem um forte peso na nossa sociedade, o mesmo peso que fez Neves e o PAICV ganhar duas vezes, os farão perder desta vez.

Já quase sem fôlego, o Governo em agonia e desorientado, atira-nos um imposto de selo que nos impede de recorrer ao crédito, que diminui o nosso poder de compra e não nos dá nenhum incentivo. Diz-nos, o Governo, em publicidade enganosa, que o futuro acontece hoje com a inauguração de estradas, mas não nos diz que estas estradas nos têm endividado e que no futuro esta factura nos sairá muito cara. O futuro de que o Governo fala, não é mais do que um conjunto de pesadas dividas que a juventude terá de pagar.

Suplicamos por novos dias, novos ventos, novas marés, e não meros versos ou discursos de Neves, mas sim acções de um novo Governo preocupado com o futuro, com as novas gerações. É chegado a hora de, realmente e finalmente, fazer o futuro acontecer.

Sem comentários:

Enviar um comentário