sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A LIÇÃO DE JORGE SANTOS: UM HOMEM DE CORAGEM

Jorge Santos decidiu retirar-se da corrida presidencial no MpD. Justifica a sua atitude, entre outros, nos seguintes motivos:

“....há certos momentos na vida em que somos obrigados a fazer escolhas difíceis, mas nem por isso devemos deixar de nos guiarmos por critérios de objectividade e de racionalidade. ...Há momentos em que se impõe submeter as nossas aspirações pessoais legítimas a um interesse geral superior.

E cedo apercebi-me de que os militantes do MpD, na sua grande maioria, preferiam um entendimento sobre projectos e equipas, à disputa interna num período relativamente próximo das eleições legislativas e presidenciais.

Por isso, repensar a minha candidatura ao cargo de Presidente do MpD passou a ser um imperativo e não representou, propriamente, um sacrifício e, muito menos, um recuo.”

Jorge Santos deu, assim, um exemplo de democracia, de responsabilidade, de respeito pela vontade dos militantes e de amor à terra. Os políticos são sempre criticados por colocarem os interesses pessoais acima dos colectivos, por serem demasiados apegados ao poder. Jorge Santos mostrou que, no MpD, as coisas são e podem ser diferentes.

Jorge liderou o MpD numa altura difícil e complicada. Um MpD dividido, financeiramente debilitado, um MpD desorganizado e sem condições de vencer nada. Jorge tinha, assim, a missão de unir a família ventoinha, sanar as suas dívidas, organizar o partido e fazer oposição ao Governo. Jorge cumpriu os objectivos. Hoje MpD está mais organizado, com melhor situação financeira e mais unido. E ao retirar-se da corrida à liderança do MpD, Jorge deu-nos uma lição de união, de defesa dos interesses do MpD e do país e de respeito pela vontada da maioria, um dos pilares da democracia.

Isso demonstra que o MpD, os seus dirigentes, os militantes aprenderam com os erros do passado. É sinal de que, o MpD está finalmente pronto para voltar a governar este país. PAICV já sentiu a força do MpD e do Veiga e sucedem-se os erros no Governo. Tinham a esperança de ver uma divisão no partido, rezaram pela não desistência do Jorge Santos, rezaram pela divisão entre os militantes, mas acabou por acontecer o pior para o PAICV, a união do MpD e o regresso do Veiga. Isso representa o regresso do MpD ao poder e é natural que, agora, critiquem Jorge pela sábia decisão.

Entendo que esta união deve manter-se, também, nas presidenciais. O PAICV já está com 4 possíveis candidatos e começou a divisão entre os militantes do partido. Ademais, o verdadeiro candidato, o José Maria Neves, ainda não se declarou. Quando o fizer, causará, ainda mais, divisão no partido e o Primeiro-Ministro sairá ainda mais enfraquecido do partido, sem condições para ganhar mais nada.

MpD deve escolher um bom candidato e não deixar que o partido tenha 4 ou mais candidatos como o PAICV. É bom saber que muitos nomes são citados como possíveis candidatos, isso revela que o partido tem mulheres e homens de reconhecido mérito na nossa sociedade com capacidade e perfil para ser Presidente da República de Cabo Verde, mas é preciso escolher aquele que ajudará o MpD a ganhar as legislativas e que reúna consenso entre os militantes.

Estou seguro de que, não haverá divisões, todos lutarão em torno de um candidato de consenso. Assim, o MpD ganhará as legislativas e o candidato apoiado pelo MpD ganhará as presidenciais.
(Publicado no Liberal)

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