quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A estória do José e do Carlos

“Barriga está em primeiro lugar; Estudo está em primeiro lugar; Saco vazio não fica em pé; A Pessoa é o centro da Sociedade e do Direito; A dignidade da Pessoa humana deve estar, sempre, presente em todas as decisões dos governantes.”

Estas são algumas frases que devemos ter sempre em conta nas decisões que tomamos, na nossa vida pessoal, profissional e política. Se fosse Governante, nunca ignoraria tais afirmações. São sábias e devem ser valorizadas.

O Senhor José cometeu um grande erro, um grande pecado quando ignorou estas frases sábias proferidas por pessoas sábias.

O Senhor José, é líder de uma tribo com mais de 400 pessoas. José sucedeu o ex-líder Carlos. José encontrou a tribo farta, homens, mulheres, jovens, crianças, todos tinham o que comer, o que fazer. Todos viviam num clima de paz, de tranquilidade, de harmonia, de felicidade.

As crianças, os jovens, podiam estudar, tinham sonhos, tinham esperanças, acreditavam e lutavam por um futuro melhor. Nunca faltava um pão de cada dia, todas as famílias tinham comida à mesa, pois, para o ex-líder Carlos, a barriga está em primeiro lugar, os estudos estão em primeiro lugar. O Carlos preocupava-se com cada um dos membros da sua tribo.

Carlos tratava os membros da sua tribo com respeito, amizade e todos eram livres e iguais, tinham as mesmas oportunidades. Por causa das boas práticas do Carlos, José encontrou a tribo com muito prestígio, e, por causa disso, recebeu prémios, ajudas, dinheiro e todos pensaram que teriam uma vida, ainda, melhor, afinal tinham mais condições e mais apoios.

Infelizmente, não foi o que aconteceu. José fez estradas, melhorou alguns acessos, mas esqueceu do lar, da casa dos membros da sua tribo. Ajudou outras pessoas a ganharem dinheiro com suas obras, mas esqueceu daqueles que realmente são importantes. Só ajudou os mais próximos, acabou com o tratamento igual, acabou com a igualdade de oportunidades. A maioria dos jovens deixou de estudar, muitos ficaram sem fazer o que fazer. Os conflitos na tribo tornaram-se constantes, assaltos, brigas, acabou a tranquilidade.

Hoje os membros da tribo estão revoltados, descontentes e querem, novamente, ter o Carlos como líder. Perceberam que a barriga das pessoas está em primeiro lugar. Entenderam que os estudos estão em primeiro lugar. Já sabem que o líder deve governar para os membros da tribo e não para um conjunto de amigos ou de empresas.

O José tenta ainda iludir os membros da tribo, faz promessas, lança primeira pedra, fazer algumas obras, mas ninguém mais acredita no José. Todos estão conscientes que a situação na tribo tem de mudar.

Uma casa, uma aldeia, uma tribo, uma vila, uma cidade, um país, uma sociedade, são feitas por pessoas, por homens e mulheres. Antes de termos qualquer outra preocupação, devemos preocupar com o bem-estar destas pessoas. Só é bom líder, aquele que preocupa com as pessoas.
Tal como esta tribo, Cabo Verde, também, “mesti muda”. Precisamos governar para as pessoas.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

“COPY / PASTE”

Já sabíamos que o Governo está esgotado, sem projectos, sem imaginação, sem ideias, sem originalidade. Mesmo assim contávamos que José Maria Neves se esforçasse um pouco mais, tentasse criar um slogan, alguma frase no seu estilo poético e eleitoralista.

JMN foi, ao longo de 10 anos, um homem de discursos, de promessas não cumpridas. O homem tinha a capacidade de inventar verdades, criar ilusões e recitar poesias. Tinha, pelo menos, estas capacidades. E convenhamos, para criar ilusões e fazer propaganda política é preciso alguma imaginação, dá algum trabalho. O homem fazia algum esforço no seu discurso.

Neste momento, o nosso Primeiro-ministro já não consegue pensar, imaginar, inventar, limita-se a copiar, ao copy paste. O Zemas, na abertura do ano político do PAICV, copiando os slogans do MpD : “Cabo Verde precisa de mudar” e “mesti muda”, usou como refrão no seu discurso, a frase: "Cabo Verde está a mudar e o PAICV é a força desta mudança".

Ouvindo o discurso do Primeiro-ministro dei uma grande gargalhada. Será que o homem também fez o curso seguindo a regra do “copy / paste”? Será que já não tem quem lhe escreva os discursos?

Em Cabo Verde, em todas as Universidades quem copia tem a prova anulada. Será que vamos anular os discursos do JMN ou vamos, simplesmente, chumbá-lo em 2011? A segunda opção já está garantida.

Um Primeiro-ministro que se auto-proclama “estrela”, ainda que “estrela cadente”, ou seja, estrela a cair, deve ter a preocupação de não decepcionar, de não envergonhar os cabo-verdianos. Sinceramente, copiar é muito feio.

Afinal, quem governou o país durante 10 anos, deve sair com alguma dignidade. Será uma pena se o JMN vier, no futuro, a ser recordado como o Primeiro-ministro do “copy / paste”.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

FALTA DE APOSTA NA EDUCAÇÃO

I. FALTA DE APOSTA NA EDUCAÇÃO

Quando escrevi sobre os sete pecados do Governo, elegi a falta de aposta na Educação como um dos sete pecados do Governo. De facto, este Governo ignorou, completamente, a educação. Esqueceu que devemos apostar nos nossos jovens, dar-lhes oportunidades de prosseguirem os estudos.

Carlos Veiga denunciou a falta de preocupação deste Governo com a Educação. Salientando que, em 10 anos não foi feito nenhuma reforma de fundo.

É realmente frustrante saber “que milhares de jovens estão fora do sistema por falta de recursos, sendo que quase metade dos desempregados têm o ensino secundário completo e mais de mil, formação superior”.
É gravíssimo saber que “pouco
dinheiro disponibilizado pelo Estado para bolsas escolares (menos de 1% dos gastos do Estado), bem como a desmotivação dos professores sem estímulos para a sua formação, sem valorização de mérito, com as carreiras bloqueadas e sujeitos a discriminação política”.

O Governo esqueceu dos cabo-verdianos. Não governou para as pessoas e nem sequer preocupou-se com os recursos humanos. Para José Maria Neves é suficiente saber que somos os melhores de África, isto é, os menos maus exemplos. Estes elogios ofuscaram a mente dos nossos governantes e esqueceram do essencial, esquecerem de cuidar, de preocupar com cada um dos cabo-verdianos. Resultado: menos bolsas de estudos, mais desemprego, e jovens à deriva.

II. MAIO ISOLADO E SEM DIREITO AO PÃO DE CADA DIA
Os maienses não têm direito a comer pão. O Governo privou os maienses de ter pão à mesa. Lembro que o meu sobrinho, comia dois pães ao pequeno-almoço. Pão com queijo de cabra de Maio, pão com manteiga ou simplesmente pão. Pão com café ou leite é sagrado no pequeno-almoço. Muitas famílias não dispensam o pão no pequeno-almoço e muitos adultos não dispensam o pão no jantar.

Como é possível um governo privar uma ilha de ter pão à mesa. Como é possível impedir que as crianças do Maio comam pão antes de ir para escola? Será que os maienses não fazem parte deste país? Será que não temos os mesmos direitos? O que foi que fizemos ao José Maria Neves?

Pior ainda é ver alguns maienses que, pensando unicamente nos interesses pessoais, nos seus “tachos”, traem os maienses para agradar o Primeiro-ministro em troca de um cargo, de uns projectos ou de mais uns tostões. Estes maienses não têm amor à ilha e não merecem o voto dos maienses. Estou certo de que serão castigados em 2011. Nenhum deputado para o PAICV será a forma como os maienses demonstrarão o total descontentamento.

III. O GOVERNO QUE CONFUNDE AJUSTE DIRECTO COM BOA GOVERNAÇÃO PEDE UM SEGUNDO MANDATO

O líder do PAICV, na abertura do ano político pediu mais um mandato à frente do Governo de Cabo Verde. Para JMN: "Cabo Verde está a mudar e o PAICV é a força desta mudança".

Vejamos o que significa mudar Cabo Verde para o Governo de José Maria Neves. Segundo o Jornal “Já”, entre 2005 e 2009, O Governo já adjudicou directamente, às empresas de construção portuguesas, obras que ultrapassam os 13 milhões de contos. O jornal refere 13 obras que foram adjudicadas por ajuste directo. 13 obras, 13 milhões de contos sem concurso, e em que as nossas empresas foram excluídas, em que os cabo-verdianos foram deixados de fora.


José Maria Neves pede um terceiro mandato, defende que temos boa governação e temos um país de infra-estruturas. É preciso referir também que este é um Governo de ajuste direito. Um Governo que não gosta de concurso, que não gosta de igualdade de oportunidades, que gosta de troca de favores entre camaradas, prejudicando, assim, os nossos empresários. Mais um dos pecados: o estrangulamento da nossa economia.

Estas práticas não se enquadram no conceito de boa governação, por isso, está claro que o PAICV não merece um terceiro mandato.

IV. SINAIS DE DESESPERO E MEDIDAS ELEITORALISTAS: CARTÃO JOVEM

A traição à juventude foi o primeiro dos pecados do Governo apresentados por mim. De facto, em quase 10 anos, o Governo não apresentou nenhuma política para a juventude. Fez aumentar o desemprego entre os mais jovens, esqueceu que os nossos jovens, também, têm direitos, são cabo-verdianos e merecem oportunidades.

Estando no fim do mandato, tendo consciência que nada fez, o Governo resolve apresentar o Cartão Jovem. Trata-se de uma manobra, mais uma propaganda de desespero visando a angariação de alguns votos.

Trata-se de mais um sinal de desorientação do Governo. Foram tantas as falhas deste Governo que não há milagre possível que o possa salvar de perder as eleições.

Porquê só agora o cartão jovem? Porquê só agora o Governo acordou e viu que temos uma sociedade de jovens? Os nossos jovens mereciam e merecem mais.

Tarde demais, o descontentamento é geral. Cabo Verde “mesti muda”.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O ESTADO DA JUSTIÇA EM CABO VERDE

O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça entregou à Assembleia Nacional o relatório sobre o estado de Justiça em Cabo Verde. Trata-se de mais uma oportunidade para discutirmos a situação da justiça em Cabo Verde. Contudo, os anos passam e a justiça contínua com os mesmos problemas, continua extremamente Os sucessivos relatórios identificam os problemas, apontam soluções, infelizmente, falta a quem de direito tomar medidas.

Por seu lado, os discursos dos Bastonários da Ordem dos Advogados apresentam os vários constrangimentos. A sociedade civil já consegue identificar quase todas as falhas de justiça. Qualquer cidadão, atento, consegue sugerir algumas medidas para o sector, critico, porém, importantíssimo da nossa sociedade.

Infelizmente, do Governo não temos uma sugestão, nenhuma medida. Não me parece que este Governo esteja preocupado com a justiça. Estou convicto de que a justiça precisa de uma profunda reforma. Os juízes, os procuradores, são vítimas como o cidadão comum. Pois, para além de não usufruírem de uma retribuição digna, são em número insuficiente.

Ter demorado tanto tempo para a instalação do Tribunal Constitucional, apesar dos sucessivos apelos dos juízes, dos advogados e da sociedade, constitui, um claro exemplo de que a justiça não foi uma prioridade na governação do PAICV.

A Justiça é um dos pilares de qualquer sociedade e constitui um desígnio e imperativo de qualquer Estado de Direito Democrático. Outrossim, o funcionamento da justiça é um dos requisitos de um país competitivo e que pretende atrair investimento externo.

Não se percebe como podemos falar da boa governação, de investimento externo e esquecer as reformas que a justiça exige. Isso não é governação, é desgovernação e precisamos mudar o estado da Justiça.

II. A LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA FAZ NOVAS VITIMAS

“São Vicente acordou envolto num manto escuro da morte. Três vidas foram soterradas nas areias do Morro Branco, quando procuravam o pão para alimentarem as suas famílias”. In www.asemana.publ.cv

A pobreza, a miséria no nosso país faz com que cabo-verdianos, sem oportunidades, arrisquem as suas vidas. Lutam pelo pão de cada dia em constante perigo. Fogem a fiscalização e por vezes à legalidade, tudo para poderem sustentar os seus filhos.

Fala-se em falta de fiscalização. É verdade que o nosso país existe falta de fiscalização em quase todas as áreas. Mas o exemplo de São Vicente não é apenas um problema de fiscalização. A questão é bem mais séria, estamos a falar de pobreza, de falta de oportunidades. Estamos a falar de uma ilha que foi abandonada por este Governo e em que a pobreza aumenta a cada dia.

Precisamos criar mais empregos, mais oportunidades. Quem não tem opção, tem de lutar pela vida, fiscaliza-se aqui e ele procura um outro canto para procurar comida para os seus filhos. Continuará a correr perigo, pois sabe que, se não correr risco, morrerá de fome.

Está na hora de pensarmos nestas pessoas, de governar para os cabo-verdianos, de combater pobreza. Chega de discursos e ilusões, vamos governar para que mais cabo-verdianos não tenham uma morte tão estúpida. Este é o país real.

III. OS PRIMEIROS LICENCIADOS EM SERVIÇO SOCIAL PELO ISCJS

Com quatro anos de existência o Instituto Superior de Ciências Jurídicas e Sociais acaba de fornecer ao país os primeiros licenciados em Serviço Social nesta instituição.

Estar com estes finalistas fez-me regressar ao ano 2003 e recordar o dia em conclui a licenciatura em Direito. Momento único, momento que nos faz chorar, gritar, sorrir, uma mistura de sentimentos que não se consegue explicar, apenas sentir. Na verdade, os melhores momentos da vida não são possíveis de descrição, sentimos, vivemos apenas.

Desejo toda a sorte do mundo aos novos licenciados. Que Deus vos abençoe e que possam realizar os vossos sonhos.

É preciso ter a consciência que terminaram uma etapa e entraram noutra. O estudo, a pesquisa, o trabalho devem ser permanentes. O sucesso só se consegue com muito trabalho e muita dedicação.

Cabo Verde precisa de rigor e excelência. Espero que possam dar o vosso contributo para o desenvolvimento do nosso país. Podem, são capazes, têm de acreditar e continuar a trabalhar.

IV. NOVOS INSPECTORES NO MERCADO

Continuado com o sentimento de terminar uma etapa, não posso deixar de dar os meus parabéns aos trinta e um formandos que finalizaram o Curso de Estudo Superior Profissionalizante (CESP) em Inspecção Fito /Zoo Sanitária.

Foi com enorme prazer que leccionei neste curso e tive oportunidade de aprender muito. Conheci Jovens de diversas ilhas com esperanças num futuro Jovens com muita capacidade, que podem voar, conquistar novos horizontes. Infelizmente, o país não oferece muitas oportunidades aos nossos jovens.

A educação deveria ser sempre uma prioridade, alcançar o desiderato de excelência deveria ser uma preocupação diária do nosso Primeiro-ministro. Aguardamos por dias melhores no futuro.
V. O RIDICULARIDADE DE JMN

Já que falamos em educação, não posso de frisar aqui o momento de alucinação, de desespero do nosso Primeiro-ministro. Durante a cerimónia da abertura do ano lectivo no Liceu Amílcar Cabral na cidade de Assomada na semana passada, JMN afirmou, estranhamente, o seguinte: “Não tenham dúvidas, o jovem que sai do Liceu Amílcar Cabral, vai aos Estados Unidos tem mais e melhor preparação que os jovens que saiem do High School nos Estados Unidos da América”.

O homem considera que o país está perfeito, é tanta propaganda que chega a tornar-se ridículo. Mais uma prova de que o país tem de mudar. Assim, de boa governação corremos o risco de tornarmos “chacota” internacional. Temos de mudar, antes que os danos da desorientação de JMN se tornem irreversíveis.