quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Recordando Infância

Não tenho especial dom para a escrita, mas por vezes sinto uma vontade de escrever, de jogar com palavras, de mexer com sentimentos, de vasculhar o baú da memória, de reviver e sentir a minha infância.

Por isso, para saciar a minha vontade, para poder relembrar os tempos que passei na Ilha do Maio, na minha querida aldeia – Pedro Vaz, vou passar a usar este meu espaço íntimo para viajar no tempo e, semanalmente, recordar o tempo.

Na minha casinha, junto à uma encosta onde se sentia o vento bater em pequenos rochedos e, quando chovia, fazia-se uma “mini-cheia” em frente à nossa porta. Mama, quando chovia demasiado, ia buscar uma panela, cheio de cinza e marcas do tempo para, com um ferro tocar na panela. Diziam os meus velhos que isso era um pedido de socorro para Deus. Ele ouvia e fazia parar a chuva. Por vezes resultava e por vezes não.


Papa e meus irmãos, preparam para sair em direcção às nossas hortas. Tinham que ir ver se as paredes tinham ou não sido deitadas ao chão com o vento e chuva. Era preciso trabalhar arduamente para evitar que depois, as cabras que por ai andavam pudessem comer todas as plantações. A maioria das cabras pertencia ao papa. Homem que adora limarias. Para ele, matar uma cabra para comer era pecado, ele adorava a sensação de estar a pastar e ter um horizonte de cabras a frente. Grande homem. Pastava e falava, por vezes sozinho, por vezes com as suas limarias.

Eu, miúdo, ia com ele. Achava piada brincar com os meus colegas, fazer jogo de banco no chão e fazendo bosta cabra de oril. Enquanto jogávamos íamos brincando e comendo djunsa, uma plantinha cujas raízes pareciam pequenas batatas.

Por vezes aproveitámos para lutar para ver quem ia ao chão primeiro. O truque era tentar dar uma trança no outro, isto é, passar o pé entre as pernas do outro e puxar uma das pernas para frente, de modo a fazê-lo perder equilíbrio. Acho que foi ai que ganhei o gosto, pela luta e pelas artes marciais.

Eu, Zé Maria, Juvaldino, Totim, Djalô, Gustim, Arlindo de Iaia, Arlindo Diminguinha, tinhámos sempre que inventar uma luta. O Mundo dá mesmo muitas voltas. Hoje cada um de nós tem um vida diferente, com excepção de Djalõ que se tornou professor de liceu, os outros estão todos no Maio, condutores e pedreiros. É uma sensação maravilhosa quando me junto à eles para tomar um “cusa”. Depois de regressar de curso, sentiam quase receio de convidar para tomar grogue. Agora sabem quando estou com eles, regresso a minha origem e que também, gosto de um bom grogue de vez em quanto…………..

Lembro das minhas fintas e das fintas do Djalô e do Lipe, da irritação de Dainy, Aristides, Tata e Tótó quando passávamos por eles feito Maradona.

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