Numa sondagem realizada pelo “Asemanonline”, Veiga e Jorge Santos aparecem numa situação de empate técnico nas preferências dos leitores deste jornal quanto a presidência o MpD. A expressão empate técnico é uma expressão deveras interessante. Quando se quer tapar o sol com a peneira, diz-se que estamos perante uma situação de empate técnico. Por isso, normalmente, não levo a sério esta história de empate técnico.
As vezes fugimos da verdade ou tentamos inventar a realidade que mais nos convém. A verdade é que, todos nós estamos seguros de que haverá, seguramente, um acordo entre Veiga e Jorge Santos. Jorge Santos abdicará da sua candidatura em prol do MpD. Não será a favor do Veiga, será em benefício do MpD e de Cabo Verde. Alguns entendem que o melhor para MpD seria a disputa entre Veiga e Jorge. Não concordo.
Estou seguro disso por várias razões. Primeiro, Jorge Santos, tal como eu e todos os cabo-verdianos, tem um profundo amor por este país, tem responsabilidades perante o país, e quer o melhor para Cabo Verde.
Não podemos ignorar o mérito do Jorge Santos na organização do MpD, na reconstrução de um novo MpD para Cabo Verde. Infelizmente, notamos que o esforço do mesmo não foi suficiente. Valeu o esforço, valeu este novo MpD. Contudo, Este novo MpD tem de ser conjugado com um factor x, o factor que faltou ao Jorge. Veiga tem este facto x. Neste caso, é preciso conciliar o MpD organizado de Jorge Santos com o factor x do Veiga. Um factor capaz de unir e de abraçar todos os militantes do partido e elementos da sociedade civil. Jorge tem consciência disso e por estas e outras razões virá nos dizer que não é mais candidato, que, por ora, abdica do seu projecto em prol do MpD e de Cabo Verde.
Ao contrário do que muitos sustentam isso não significará humilhação ou morte política do Jorge Santos. Muito pelo contrário, com este acto, Jorge ficará na história do MpD e de política cabo-verdiana, revelará ser um grande político e um grande cabo-verdiano. Os militantes do MpD e a sociedade cabo-verdiana aplaudirão esta atitude. Com isso Jorge entrará no grupo dos grandes líderes e renascerá para uma nova caminhada política, uma nova etapa no seu percurso, e desta vez, com mais sucesso, porque terá, depois deste acto, um pouco do factor x, que certamente aumentará durante o seu mandato como Presidente da Assembleia Nacional. Esta é a minha firme convicção. Alguns discordarão com argumentos válidos, outros apenas porque não lhes convém a minha posição. Acontece…
Quem está, certamente, de acordo comigo é o José Maria Neves. Aliás o JMN já teve oportunidade de debater com o Veiga durante 5 horas, com dois grandes jornalistas, no jornal “ A Semana”. Nesta ocasião, sentiu que enfrentar Veiga exige muito traquejo e bagagem. Não que ele não tenha, ninguém pode colocar em causa as capacidades do nosso Primeiro-ministro, um grande politico, um grande homem que orgulha todos os cabo-verdianos. Contudo, entra nesta corrida em desvantagem, cansado e quase esgotado. Infelizmente, o fracasso aqui é um dado certo. Trata-se, praticamente, de uma lei da física, quando dois atletas, do mesmo nível, entram em competição, a vitória dependerá da condição física de cada um e de outras conjunturas, se um inicia uma corrida depois de ter acabado de percorrer 10km, o outro vencerá necessariamente. É exactamente a situação actual. Ambos são dois homens de reconhecido mérito, porém a conjuntura favorece ao Veiga.
O JMN já começou a trabalhar, iniciou a sua campanha com conversas com os Jovens. No dia 22 aconteceu a primeira conversa sobre o tema Emprego e Formação Profissional. Foi uma conversa interessante. Uma sala repleta de jovens quadros, jovens capazes, competentes, jovens empregados (a maioria na função pública), jovens assessores e administradores de empresas públicas. Nenhum deles têm muito a reclamar nesta matéria.
São jovens que não conheceram o sufoco, são jovens que vivem bem, com luxos que também gosto, com os quais costumo cruzar em espaços VIP da Capital. São jovens que quando gastam demasiado, os pais dão uma forcinha. São jovens que não têm filhos em casa a espera do leite e de fraldas que, por vezes, não chega. São jovens que não sabem o que é o sufoco de não saber como pagar a propina de um ensino universitário caro. São jovens que vivem nos mais desenvolvidos e “chiques” bairros da capital.
São jovens que, como eu, não conhecem o desemprego. A única diferença está no facto de uns serem funcionários do Governo, outros do Estado, outros dos Partidos e outros vivem da empreendedorismo privado.
Ora, isso foi uma prova de que, passados quase nove anos continuamos sem uma política de juventude e de emprego. José Maria Neves acordou tarde para esta problemática e quando acordou seguiu o pior caminho.
Precisamos conversar com jovens desempregados, desesperados e perdidos. Jovens sem rumo e sem direcção. Precisamos dar esperança e apresentar algumas soluções aos nossos jovens. Também são cabo-verdianos, também são filhos de Deus, também merecem uma oportunidade, também merecem uma vida melhor.
confesso a minha ignorância, talvez por estar fora do país, em não entender este "renascimento" de Carlos Veiga.
ResponderEliminarÉ-me muito dificil entender esta candidatura, e não acredito que só Carlos Veiga terá esse X factor.Senão chegaremos ao ponto em que ele será o "bombeiro" para o MPD quando não se vislumbram opções viáveis para os embates eleitorais que se aproximam.