segunda-feira, 13 de abril de 2009

UM APELO AO REGRESSO DO VEIGA À GOVERNAÇÃO DO PAÍS

Tal como todos esperávamos, Jorge Santos avançou com a declaração pública da sua candidatura à liderança do MpD. Acto normal para quem esteve a frente do principal partido da oposição nos últimos tempos. Livramento, o até então candidato a candidato, fez o mesmo. Até aqui tudo dentro da mais perfeita normalidade dentro das disputas partidárias, aliás tão “normal” que muitos militantes do MpD não estão satisfeitos com tamanha normalidade.
Existem dois candidatos à liderança do MpD e, por conseguinte, um deles poderá vir a ser o candidato a Primeiro-Ministro. Qual deles? Eis a questão essencial que se coloca ao MpD. Para o país é fundamental o regresso dos ventoínhas ao poder. Trata-se de um imperativo para o país. Mais cinco anos na oposição e mais um mandato para o PAICV, poderá ser o regresso ao regime do partido único, ainda que, escondido sob a capa da democracia.
O actual líder da oposição aguentou o barco até agora e, apesar dos pesares, há que reconhecer que Jorge Santos segurou o partido em época de vacas magras. Passou por mau momentos e foi sempre criticado por muitos (onde eu me incluo). Depois de ganhar as eleições autárquicas, renasceu a esperança no MpD e o partido passou a acreditar que uma vitória em 2011 era possível.
É comum dizer-se que em equipa que ganha não se mexe e Jorge Santos venceu as autárquicas, pelo que, seria de se esperar que o grupo, no seu todo, se mantivesse fixo. Contudo, a equipa que ganhou as eleições a nível das autarquias não parece ser a melhor para conquistar a vitória nas legislativas que se aproximam. Por outro lado, não podemos ignorar o peso político dos candidatos: Ulisses Correia e Silva, Francisco Tavares, Isaura Gomes, Manuel Ribeiro e Fernando Jorge. Todos eles são pesos pesados, como tal não podemos atribuir exclusivamente o mérito da vitória nas autárquicas ao Jorge Santos. Aliás, fica essa dúvida, se nos lembrarmos por exemplo que Agostinho ganhou igualmente as autárquicas e não conseguiu o mesmo resultado nas legislativas.
Jorge Santos necessita de conquistar o apoio da sociedade civil, o dos cabo-verdianos não militantes. Presentemente, acredito que cerca de 30% a 40% dos eleitores não são fiéis a nenhum partido em particular, votam consoante o líder, a equipa e/ou programa. José Maria Neves continua a ser mais carismático que Jorge Santos, pelo que, este último precisa melhorar o seu desempenho e reforçar a sua equipa com alguma premência.
Creio que grande parte da população tem a sensação de que Jorge Santos está rodeado de pessoas erradas e que não acrescentam nenhuma mais valia ao partido. Não podemos estar todos errados e, em todo o caso, nas eleições legislativas a maioria ditará a vitória, como tal, não é o momento para ignorar a opinião da maioria.
É neste cenário que Livramento pretende ser a alternativa. O problema está em saber se Jorge Santos e Livramento fazem aumentar ou diminuir as possibilidades de vitória. Que mais valia trazem ao MpD? Quem quer ver MpD no poder, terá, necessariamente, de se interrogar sobre estas questões essenciais e se são condições sine qua non para a vitória do partido.
Até aqui, tudo continua a parecer normal e alguns poderão estar a interrogar-se sobre o porquê do articulista chato estar a escrever sobre o assunto de novo. Onde reside a novidade e o interesse deste artigo? Pois bem, caros amigos e fies leitores, eu, tal como muitos cabo-verdianos, tenho estado a interrogar-me sobre a viabilidade de uma terceira via na convenção do MpD. Não será ainda possível uma terceira alternativa?
A mais interessante de todas as questões e cuja resposta, positiva, poderia, levar seguramente, o MpD ao poder é esta: será que o Carlos Veiga não vai regressar e ser, ele mesmo, candidato à Primeiro-ministro?
A volta de Veiga para muitos não faz qualquer sentido, seria um completo retrocesso, seria fechar a porta à nova geração. Para outros seria uma traição a Jorge Santos. Alguns ainda poderão argumentar que tal traria uma divisão ao MpD numa altura em que o partido, aparentemente, se encontra unido.
Todos os supostos argumentos supra enunciados e que, possivelmente, passarão pela cabeça de qualquer leitor caem por terra. Passo a explicar porquê.
1.º Veiga continua a ser o grande líder do partido, os militantes do MpD e muitos eleitores continuam a olhar para Veiga como uma figura incontornável do MpD. Muitos colam o partido à imagem de Veiga. Nas duas eleições presidenciais passadas, e numa altura em que o PAICV se apresentava incontestavelmente mais forte, Veiga teve mais votos que o MpD, revelando que tem, claramente, um numero de votantes superior ao partido que o apoiou. Veiga não tem culpa de ser o grande líder que é, pelo contrário, tem todo o mérito nisso. Também não tem culpa se depois dele ninguém mais conseguiu ser um líder à sua altura. O homem não tem de perder qualidades para que deixem de gostar dele, os novos dirigentes do MpD é que devem conquistar um espaço de liderança na sociedade cabo-verdiana. MpD precisa do Veiga, os militantes do MpD têm todo o direito de pedir o regresso do seu grande dirigente. A nova geração terá todo o prazer em trabalhar e aprender com Veiga para estar à altura de grandes embates no futuro. Neste ponto, estou seguro de que, Fernando Elísio Freire, Miguel Monteiro, Lourenço Lopes e toda a nova geração pós anos noventa olham com bons olhos o regresso do Veiga, pois, também desejam o melhor para o MpD e para o país. A nova geração terá em Veiga um exemplo, um modelo a seguir e só assim teremos grandes líderes no futuro.
2º O regresso de Carlos Veiga também não representa uma traição a Jorge Santos. Veiga, neste momento, é a solução do MpD e do país.
3º Veiga é uma das poucas pessoas que poderá unir completamente o partido. Nota-se ainda que, dizer que o partido está unido é tentar tapar o sol com a peneira. Na verdade constata-se, publicamente, divisões no seio dos deputados no MpD, havendo, no parlamento, votos em sentidos diferentes e insultos entre os deputados, a isso acrescente-se o facto de grandes intelectuais do partido estarem, actualmente, longe da política activa. Onde reside a união no partido?
A hipótese do regresso do Ex-Presidente do MpD, uma das figuras politicas mais carismáticos destas ilhas, deixa qualquer militante do MpD e qualquer cidadão não militante feliz e esperançoso num Cabo Verde cada melhor.
Por sua vez, o PAICV demonstra algum cansaço, revelando que o Primeiro-ministro já não tem a mesma força e nem a mesma pachorra para governar o país. Numa altura em que MpD não consegue apresentar grandes alternativas, o país precisa de um grande homem e de um líder político que transmita segurança.
Em momentos de crise, Cabo Verde precisa de um dirigente que mereça o apoio de todos os militantes do MpD e da maioria dos cabo-verdianos. Neste aspecto, Veiga é de facto o homem ideal para governar o país novamente.
Se Veiga avançar para Primeiro-ministro, perguntar-me-ão, quem será então o candidato a Presidente da República? Boa pergunta! MpD certamente arranjará uma solução. Será mais fácil colocar alguém no Plateau do que na Várzea. Para candidato a Presidente, MpD e o país têm muitas soluções. No PAICV, até ao momento, já se apresentaram 3 candidatos. O MpD poderá apresentar como candidato o próprio Jorge Santos ou o carismático Jorge Carlos Fonseca. Contudo, ninguém consegue apontar um candidato para suceder o José Maria Neves. Isso quer dizer que o PAICV tem o mesmo problema que o MpD, o partido e o país não produziram muitos líderes nesta geração. Por isso mesmo, o PAICV sente a necessidade de ir à luta, novamente, com José Maria Neves e o MpD também sente a necessidade de ir buscar o seu líder histórico. Dois grandes líderes num grande confronto político.
Não podemos ignorar que, em momentos de crise, de aflições, de desemprego, de sufoco, precisamos do nosso melhor jogador, do homem que durante vinte anos ganhou todas as eleições, no território nacional, em que participou, ocupe a posição chave da governação do país, isto é, a de Primeiro-ministro da Nação.
Neste caso, como cidadão cabo-verdiano que deseja o melhor para este país, e depois do que acabaram de ler, só tenho a concluir, solicitando ao Dr. Carlos Veiga que regresse a liderança do partido e que volte a ser o Primeiro-ministro deste país. O Movimento para a Democracia, infelizmente, não conseguiu apresentar soluções viáveis e José Maria Neves está cansado. Não podemos eleger um Primeiro-ministro cansado e relevando sinais claros de quem esta cansado do poder e de liderar, um politico não pode aparentar que sofre de stress.
Sendo assim, e para concluir, fica um apelo de um cabo-verdiano preocupado com o desenvolvimento e o futuro do seu país. Caro amigo, volta a liderar o MpD, volta a governar o país. Cabo Verde, neste momento difícil, nesta fase de crise, precisa de ti. Veiga, não ignora o pedido da maioria dos cabo-verdianos e dos militantes do MpD.
João Dono

1 comentário:

  1. Boa tarde Dr. Dono, apesar de jovem, tem um apelido que o contradiz.

    Li com atenção o que acabou de escrever no seu blog, que cá vim por sugestão do VB. Agora digo-lhe o seguinte, o CV pode ser um grande jogador, mas ainda não aprendeu que não pode jogar e apitar ao mesmo tempo, como ele mesmo afirmava quando foi PM, lembra-se, ou ainda não tinha nascido na década de 90 do sec. passado?
    Outra coisa, a liberdade de expressão tenho-a, como cidadã e crioula, desde que me lembro como gente que pensa e discerne. Sempre exercitei a minha liberdade de expressão, mesmo quando viviamos a ditadura do consulado do MpD de má memória. Sofri algumas pressões, mas aqui estou viva e cada vez mais acredito no projecto de JMN. O resultado e as obras estão à vista. Hoje somos respeitados em todo o mundo, enquanto país soberano! E isto, entre outras coisas, faz-me sentir orgulhosa enquanto crioula! Sabe o que é isso?

    Pode visitar as minhas "Cartas Abertas" que escrevo desde de 1997, e os buzinões que promovi, desde que suspenderam o programa radiofónico "Noite Ilustrada" no dia que o jornalista Zé Leite ia entrevistar o Sr. Gualberto do Rosário, a propósito de nos terem imposto dois PM's (não Polícia Militares, não! Mas sim dois Primeiros Ministros, um "legitimo" porque sufragado nas urnas, outro indicado pelo grande jogador, segundo a sua acepção, por sinal jurista e advogado, como o M.I. Dr. Dono). Também, eu jurista, há 22 anos, até esta não entendi o busilis da douta interpretação do MD Dr. Veiga da CRCV, sobre a imposição e o embuste que fez aos crioulos, com a entrega do poder ao seu delfim, que na época, chamei de "canguruizado". Vá ver se quiser e se tiver tempo a carta aberta que escrevi a propósito, no jornal ASEMANA.

    Se quiser depois falaremos depois quando passar por Lisboa. É só pedir ao VB o meu contacto e terei muito gosto em lhe convidar para um almoço/diálogo.

    Agora digo-lhe um bom líder, no seu conceito, de um partido ou movimento, não quer dizer, para mim, que seja um bom PM, pelo menos melhor que o actual Dr. JMN. Um bom líder pode ser bom para juntar as pás das ventoinhas desavindas e desencontradas, internamente, mas creio, pela experiência de governação de 91 a 2000, que possa,ipso facto, ser um grande PM, pelo menos que possa superar o que está em campo agora e a jogar bem. Sabe é preciso ter alma de poeta, humildade, visão estratégica, e que fale a linguagem dos crioulos e das crioulas, do amor, do respeito pela diferença, do trabalho, do estudo profundo, da ética, da responsabilidade, e que nos faça acreditar como o Neves, que nós conseguimos! Nós somos capazes, como o fizemos ultimamente. Veja: as finanças públicas, as infraestruturas, a liberdade plena de expressão, a luta contra a droga e a lavagem de capitais, a moralização da coisa pública, as melhores condições para a Justiça (o resto depende da cabeça e das atitudes dos magistrados!)and so on.

    Quedo-me por aqui, dizendo, MpD para nunca mais se for o mesmo ou pior que tivemos até esta.

    Cordialmente

    Helena Fontes

    ResponderEliminar