segunda-feira, 6 de outubro de 2008


MAIO: A ILHA PERDIDA E ISOLADA DE PESSOAS SOFRIDAS E MALTRATADAS II
No final de mais um dia de trabalho e preparando-me para ir descansar junto da família durante o fim-de-semana, eis que, acedendo a este jornal online, me deparo com a seguinte notícia: “ILHA DO MAIO SEM FERRO E MADEIRA”.
Na semana passada escrevi um artigo denunciando a falta de transporte marítimo para a ilha do Maio e os problemas que tal facto acarreta. Na altura, escrevi que, por um lado, a falta de acessos prejudica o desenvolvimento da ilha e, por outro, faz com que a população sinta falta de bens de primeira necessidade, indispensáveis à sua subsistência.

Quem conhece o Maio, sabe que o desemprego abunda entre a juventude. Não há trabalho, não existem locais de lazer nem incentivo à prática do desporto. Os jovens vivem à deriva, sem nada para fazer. Nos últimos tempos, têm surgido alguns projectos turísticos na ilha, apesar da falta de acessos e infra-estruturas básicas. Por incrível que pareça, ainda existem pessoas que acreditam no potencial desta ilha. Estes projectos têm dado trabalho à maioria da população maiense, sobretudo à classe masculina. A construção civil tem sido o sector empregador por excelência dos jovens maienses.

Sem ferro e sem madeira, muitas obras ficarão paradas, muitos jovens serão “atirados” para o desemprego, deixando inúmeras famílias numa situação dramática. Novamente, tudo consequência da falta de acessos e do isolamento imposto a esta ilha ao longos dos últimos anos. Ninguém apresenta soluções. Nem o poder local, nem o poder central. O poder local deveria, ao menos, levantar voz e denunciar estes problemas. Mas não o faz. Refugia-se num silêncio angustiante.

Todos sabemos que o Maio representa uma ínfima parte do eleitorado do nosso país, se o compararmos com o Fogo, Santiago, São Vicente ou Santo Antão. São apenas dois os deputados eleitos por esta ilha. Temos consciência disso. Talvez por isso, nem o PAICV, nem o MPD, dão a devida atenção a esta ilha. O jogo político faz com que Maio continue no esquecimento. A solução, neste momento, parece ser o investimento privado. É fundamental, por isso, que cada maiense consiga promover a sua ilha como um destino turístico privilegiado, que é, e atraia aqueles que, mais do que votos, têm como objectivo principal apostar no desenvolvimento e promoção desta ilha. É crucial incentivar grupos de empresários maienses, residentes ou não no país, a adquirem um barco. Um barco que possa fazer a ligação Praia-Maio-Praia. É verdade que o Maio, ao longo dos tempos, sofreu muito com o poder central e com o poder local, mas também não é menos verdade que os maienses pouco ou nada fizeram pela sua ilha. Não investiram, não criticaram, não reclamaram os seus direitos. Ficaram apenas com a fama de “Djentis dretu e mansu”. Esta fama não enche a barriga nem desenvolve a nossa ilha. Precisamos de mais dinamismo, mais empreendedorismo. Mãos à obra!


JD
jsdono@gmail.com

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